“Não devo nada pro império.” [Ìyálewà]
Ontem (02 de setembro) a performance filmada “Ìyálewà” de Joana Marinho teve estreia no Instagram no “Encontro das Culturas de Asé” e por ser uma performance gravada eu pensei muito se caberia na coluna; mas se TV e cinema não são atuações editadas, o que mais seria, certo!?
Para além dessa inquietação de “lugar”, Ìyálewà é, de fato, inquietante! Potente na sua configuração, roteiro e iluminação impecáveis. Considerando todas as condições de ser feito (de forma independente num isolamento social pandemico em 2020 – e sei que com duas crianças em casa, rs), é uma apresentação para mexer com todos os sentidos.
O espetáculo se baseia na crença da Joana, atriz e roteirista, de raizes africanas – de texto e sangue, e segue todos os conflitos que uma mulher preta encara em pleno século XXI: a maternagem, os medos, as ansias, os desejos, a fé, o posicionamento social e os bloqueios que são enfrentados de geração em geração.
“…hoje eu sei de onde não sou.” Mas de onde se é?! E pra onde se vai? Se esvai? Cansada de ser guerreira e ainda assim, resistente, Joana trás essas críticas tantas de forma poética, com músicas autorais e um super preparo de cena.
Visualmente, são imagens letárgicas e bonitas. Sonoramente, é calmo e estrondoroso. É atual e antigo em atuação, sentido amplo da palavra de atuar mesmo, de estar em jogo. Contém resquícios do passado e sede de futuro.
Recomendo que acompanhem essa conversa como um registro da “época agora” e assistam de peito aberto, questionando toda e qualquer palavra, possibilitando a mente a novas formas de:
filmar
assistir
e sentir.
Asè pra quem é de asè!
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